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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

EDUCAÇÃO INTEGRAL E DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Educação integral ligada a desenvolvimento social

Mariana Gallo

O desenvolvimento social e cidadão deve estar incluído no ensino integral. Esta foi uma das conclusões do Seminário Nacional Tecendo Redes para a Educação Integral, que acontece na cidade de São Paulo. Segundo a secretária de CiênÍndice de evasão nas aulas de 2,3% e de repetência 2,24%. O modelo pedagógico implantado pelo Centro de Ensino Experimental Pernambuco (CEEP) em que família, escola e aluno participam da gestão fez com que a qualidade do ensino melhorasse. O programa de educação integral foi apresentado pela gerente do CEEP, Marilene Montarroyos, durante o Seminário Tecendo Redes - Educação & Participação, que acontece na cidade de São Paulo.

O projeto de educação em tempo integral é oferecido por 13 escolas espalhadas pelo estado em que os conteúdos disciplinares são aliados às aulas em laboratórios e bibliotecas, oficinas culturais e esportivas e atividades com a comunidade. A iniciativa garante 97% de presença em sala de aula, 100% em preservação de espaço e 100% das atividades práticas realizadas em laboratório. Os centros experimentais têm 73% dos alunos vindos de famílias com renda de até dois salários mínimos.

Os professores são recompensados na remuneração. Além de uma bolsa equivalente a 125% do salário base, eles também recebem um bônus anual que pode chegar a 30% de sua remuneração. Ganham pela participação na produção de materiais pedagógicos e em função do desempenho dos alunos. Os professores, inclusive, são avaliados pelos pais e pelos próprios alunos.

Os pais também fazem parte da melhoria da qualidade do ensino nessas escolas:
68% participam da rotina dos colégios que são a esperança dos pernambucanos diante da realidade precária da educação pública do estado. Apesar de ainda não dar cobertura universal no ensino médio do estado, a expectativa é que isso se firme com a ajuda de parcerias. "Nosso projeto sobrevive a quatro governos diferentes. Acredito que isso aconteça porque, para nós, não importa qual partido venha governar, aceitamos todo tipo de parceria," afirma.

Residência para crianças em situação de risco, piscinas, serviços de saúde, formação continuada aos professores são algumas das atividades oferecidas pelos Centros Integrados de Educação Pública (CIEP), projeto de escolas de educação integral do Rio de Janeiro. Também fazem parte do currículo dos alunos estudo dirigido, ou seja, um espaço em que aprendem interagindo com conceitos que não conseguiram aprender em sala de aula, artes, sala de leitura, atividades culturais além de filmes com proposta educativa.

"Um plano pedagógico que articule cultura, saúde e educação e seja construído por toda comunidade escolar é o que garante a qualidade do ensino integral," acredita Maria da Glória Favera, da secretaria de estado da Educação no Rio de Janeiro que coordena a escola em tempo integral Ciep. "Esse modelo tem dado tão certo que temos no Rio 208 escolas em tempo integral com mais de 68 mil alunos atendidos," conta. cia e Tecnologia do Estado de São Paulo, Maria Helena Guimarães, o ensino integral deve desenvolver em suas diretrizes a formação de valores, caráter do aluno e justiça social. "A educação integral não é mais um meio para o conhecimento disciplinar, mas uma forma de coesão social das pessoas", acredita.

Para a secretária, é importante fazer com que a educação integral tenha entre seus princípios a interligação com a sociedade para o desenvolvimento social dos estudantes e da comunidade. "Promover a educação integral é algo que vai muito além dos muros da escola. Ela por sinal deve utilizar todas as políticas sociais para a educação e desenvolvimento dos estudantes". Segundo ela, a questão racial e o entendimento do histórico familiar do estudante também são fundamentais para elaborar as políticas de ensino da escola integral. "Quando se desmonta o que está por traz do estudante é muito fácil desenvolvê-lo socialmente", conta.

Utilizar os meios de comunicação como forma de entreter a sociedade para o conhecimento e articulação da sociedade é a aposta da jornalista e diretora geral do Canal Futura, Lúcia Araújo. Segundo ela, a televisão deve usar seu poder de influência como forma de parceria e entre ela e a sociedade para os processos de transformação e conhecimento. "A televisão é uma estrutura atraente e influente na sociedade, por isso, ela é importante para os processos educacionais", afirma.

Para ela, uma das formas de utilizar os processos de comunicação para o desenvolvimento da sociedade é atrair e qualificar a televisão e o telespectador. "A intenção do Canal Futura é informar e articular uma rede de desenvolvimento social", conta. Segundo ela, boa parte dos projetos e programas desenvolvidos pela emissora são frutos e projetos de articulação social.

Na opinião do professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Ladislau Dowbor, o ensino integral é fundamental para os processos educacionais de igualdade social. "A educação integral é uma maneira de articular as necessidades da sociedade dentro da escola". Segundo ele, o principal desafio da educação hoje é a articulação de redes para o debate do conhecimento. "A educação deve ser repensada como uma forma de integração com os outros espaços", acredita.

Ele afirma também que atualmente o ensino é um fenômeno desigualdade social, por isso é preciso alavancar uma forma de constituir uma educação igualitária em todos os sentidos. "A idéia da educação hoje em dia é formar pessoas e não só abastece-las com conteúdo", finaliza.

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